CARTA ABERTA À COMUNIDADE MUSEAL BRASILEIRA | DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS 18 de maio de 2020

Acesse a carta no link do ICOM

CARTA ABERTA À COMUNIDADE MUSEAL BRASILEIRA | DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS 18 de maio de 2020

Estamos celebrando o Dia Internacional de Museus 2020, com o tema Museus para igualdade: diversidade e inclusão, em meio ao pico da pandemia da COVID-19 no Brasil. Em plena agitação das ações digitais de museus em todas as regiões do país, pedimos um momento de silêncio. Silêncio pelo sofrimento das perdas e pela angústia das incertezas. Silêncio, como reflexão coletiva, para repensarmos nossos valores comuns e mobilizarmos as mudanças necessárias para uma ação museal capaz de contribuir para a travessia dessa crise global. No Brasil, a crise da COVID-19 é também a manifestação da profunda desigualdade social e da falta de amparo para os trabalhadores em situação precária e para os mais empobrecidos. Os museus – seguindo as orientações da OMS – seguem fechados e enfrentam o desafio das perdas econômicas, as reduções de jornadas de trabalho, as demissões de suas equipes e a fragilização de suas infraestruturas. A maioria dos profissionais está confinada, mas há trabalhadores em funções imprescindíveis, com os de conservação, segurança e manutenção, que seguem arriscando suas vidas para proteger nosso patrimônio. A eles prestamos homenagem e agradecemos especialmente nesta data simbólica. Neste momento de crise, os museus devem tanto buscar proteger os seus profissionais – vários deles técnicos em atividades muito especializadas –, quanto servir de plataforma para as aspirações e as necessidades de suas comunidades e de seus territórios. Nessa travessia em tempos de tormenta, os museus podem – com potência – nos ajudar a resistir, ativando memórias, nos lembrando quem realmente somos e quais são os nossos valores; registrando o presente, os desafios do cotidiano em confinamento, os lutos, e a grande transformação social que estamos vivendo; e projetando o olhar para o futuro que virá após a crise. Esse futuro começa agora, e a solidariedade será imprescindível para a construção de um mundo mais igualitário, diverso e inclusivo. Nessa semana de museus propomos que os museus brasileiros se norteiem pelo princípio da solidariedade, com os seus profissionais, com suas famílias e com a sociedade. Os museus devem repensar sua função diante do impacto econômico e do fosso de desigualdade exposto entre nós, reconhecendo sua responsabilidade para com a regeneração social e cultural brasileira. Não há mais como existir sob o lastro de uma elite social, a espera de financiamento público. Desde a Mesa Redonda de Santiago de Chile, há quase 50 anos, os profissionais de museus da América Latina debatem sistemática e proficuamente a função social dos museus. Na última década, observamos o estabelecimento de pequenos e potentes museus de comunidades vulneráveis, como os museus de favela, quilombolas e indígenas. É nesse contexto, diverso e plural, que o Estado deve proteger e apoiar as instituições museais continuamente, estabelecendo políticas, disponibilizando meios e recursos. A ação dos museus no presente, acolhendo os cidadãos, voltada para o bem-estar coletivo é imprescindível e urgente. Os museus são instituições contemporâneas relevantes e potentes, atuantes na preservação e pesquisa dos seus acervos e na comunicação com seus públicos. Em meio aos profundos impactos desta crise, os museus do Brasil podem, também, liderar uma atuação solidária e cidadã e aprofundar a relação com seus territórios, conectando seus acervos e programas com os desejos, as necessidades e os interesses das comunidades. Precisamos reconfigurar a experiência museal para a comunidade, na comunidade, com a comunidade, de forma socialmente inclusiva e economicamente sustentável. Como aprendemos com Ailton Krenac, para combater esse vírus, para pensarmos um outro mundo possível, temos de ter primeiro cuidado e, depois, coragem.

 

http://www.icom.org.br/wp-content/uploads/2020/05/Carta_aberta_DIM2020.pdf

 

ICOM Brasil elaborou, com a colaboração dos seus Conselheiros, uma nota técnica sobre a MP nº 850/2018

Prezados membros do ICOM Brasil, 
 
A tragédia do Museu Nacional e a assinatura da Medida Provisória nº 850/2018 no dia 10 de setembro último, que extingue o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), dividindo suas atribuições entre uma agência de direito privado – Agência Brasileira de Museus (ABRAM) – e uma Secretaria de Museus e Acervos, vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), definem um momento de grande atenção e engajamento de todos nós profissionais de museus.
Conforme comunicados anteriormente divulgados, o ICOM Brasil reitera a solidariedade e apoio ao Museu Nacional e a perplexidade diante da Medida Provisória editada pela Presidência da República. Desde 2009, o IBRAM é a instância pública reconhecida pelo setor museológico, responsável pela elaboração e implementação de políticas públicas para o setor, a partir de uma construção participativa e democrática, abrangendo os mais de 3500 museus brasileiros. Nesse sentido, qualquer proposta de transformação do setor museológico brasileiro não pode se dar sem consulta prévia ao IBRAM e às demais instâncias do setor, de forma unilateral. No compromisso de ajudar a subsidiar as discussões do setor museológico na construção de políticas públicas participativas e efetivas visando a qualificação dos museus brasileiros, o ICOM Brasil elaborou, com a colaboração dos seus Conselheiros, uma nota técnica sobre a MP nº 850/2018, que segue anexada.
 
Cordialmente,
 
Renata Motta
Presidente do ICOM Brasil
 

Acesse aqui  NOTA DO ICOM

O ICOM Brasil está acompanhando ativamente as alterações do setor museológico no âmbito federal.

O ICOM Brasil está acompanhando ativamente as alterações do setor museológico no âmbito federal. O Governo Federal não consultou previamente as entidades do setor e somente expediu convite para o evento de assinatura da Medida Provisória que transforma o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) em Agência Brasileira de Museus (ABRAM), que ocorreu na tarde deste 10 de setembro, no Palácio do Planalto. Dado o desconhecimento dos objetivos do evento, o ICOM Brasil optou por não estar representado pela sua Presidente, mas enviou um representante como observador. Ainda não tivemos acesso ao texto da Medida Provisória, quando poderemos nos posicionar mais detalhadamente e analisarmos o impacto no setor. No entanto, já previamente manifestamos o repúdio à extinção do IBRAM, explicitando o seu importante papel no âmbito do desenvolvimento das políticas públicas para o setor museológico. A partir do acesso às informações mais precisas, contamos com todos os membros do ICOM Brasil e interessados, para uma discussão ampla e mobilização do setor museológico